Thursday, June 16, 2005

Quero que se f***

Há cerca de 4 ou 5 anos, fartos da chamada literatura light que estava a invadir as prateleiras das livrarias mais prestigiadas, eu e o André Ribeiro resolvemos escrever aquela que seria a primeira página de um novo romance. Seria como que um manifesto anti-Dantas, disfarçado de homenagem à Margarida Rebelo Pinto e a todos esses light-trash-writeres que lhe seguiram. Peço desculpa (ou talvez não) pela linguagem vulgar, mas o texto assim o obriga...

Título: Quero que se f***


Estavamos na Kapital à espera da Suzy. - Foda-se! Que merda de noite… – gritei por entre o fumo dos cigarros de marca duvidosa. – estou farta desta gentalha que nem sequer tem dinheiro para fumar tabaco Vogue…
Diogo olhou para mim com aquele sorriso misterioso, sussurou…cabra… - Aquela palavra recordou-me o dia em que entrei para a empresa do Bobi e da Maneca… - CABRA! – gritei na casa de banho quando soube que essa reles não me queria para gestora da maldita empresa.
Agarrei no braço musculado do Diogo e arrastei-o por entre aquela multidão quente e ofegante. Empurrei-o para cima do lavatório - Come-me toda. Agora. Aqui. – 5, 10, 15 minutos e ele não parava de dar-me o que eu queria. Vultos entravam na casa de banho mas quero que se foda! Aquela noite era minha, os gemidos eram meus e na manhã seguinte ia para Paris. Espero que a Maneca esteja a ver-me.
Acordei na cama, puxei de um cigarro, olhei para o lado, o cabrão tinha sumido, telefonei ao meu ex para me certificar que tinha depositado a pensão na conta. Preciso de comprar um tapete do João Rolo e não tenho dinheiro.
Vesti um conjunto Chanel e, a caminho do aeroporto, resolvi ligar à Pitucha para ver se ela sempre queria comprar-me aquele colar de ouro pavoroso que o meu ex me ofereceu no ano passado… disse-lhe que era uma joia de família na esperança que ela se despachasse a passar-me o cheque. Vaca! Não bastou dormir com o meu ex no D. Pedro como ainda por cima andava cheia de dinheiro.
Três Gins e duas horas de vôo depois, aterro no Charles de Gaulle. Paris estava quente e caótica. Hector estava à minha espera, tinha um casaco beige de seda crua a combinar com aqueles fantásticos mocassins de camurça que eu lhe ofereci no seu aniversário. Olhou para mim com um ar que eu bem conhecia – esta noite temos festa – sorri, será que a Donatela vai dar uma festa?…
Mal sabia eu que a festa seria no caminho entre o hotel e o restaurante na Torre Eiffel.

9 comments:

Anonymous said...

hahahaha... Já pensaram em escrever mesmo essa bodega? Olhem que dá dinheiro! E nos tempos que correm, que se lixem os principios!

Hugo said...

erm... tipo... estou preocupado... essa personagem é o reflexo de algum dos dois? lolol

Sérgio said...

lolol é reflexo da literatura lixo! Nesse dia tinhamos ido à fnac à hora do almoço e ficámos "chocados" com a quantidade de livros de pseudo-escritores portugueses. Quase todos os títulos tinham alguma asneira r o resumo das histórias ia sempre dar ao mesmo: sexo, bares da moda, etc. Então, regressámos à agência e em meia hora escrevemos este texto como se de um livro desses se tratasse. A verdade, é que o pessoal ficou a tarde toda a rir-se como texto. Honestamente, não tenho paciência para as Margaridas Rebelo de Sousa.

Pralaya said...

Fantastico não parem, continuem a história no fim é só arranjar uma editora e publicar o livro. Vão vender resmas e ficar milionários, sem precisar de trabalhar mais, apenas escrever estes livrinhos... ;)

Anonymous said...

Eu sempre soube que vocês publicitários não faziam nada no trabalho hehehe. Ao olhar para o vosso "manifesto anti-Dantas" pergunto-me como pode haver tanta gente a ler esse tipo de livros. Já pensaste em levar um lança-chamas e acabar de vez com esse tipo de literatura nas livrarias?

Sérgio said...

Eu li apenas um excerto no suplemento do Público quando saiu a primeira "obra" da Margarida Rebelo Pinto e não consegui acreditar no que estava a ler. Era uma versão barata do Menos Que Zero do Bret Easton Ellis. Enfim... mas posso contar com o vosso dinheirinho se o livro um dia for para a frente, não posso? ;)

Anonymous said...

Desde que o autografes devidamente! É que no futuro nunca se sabe... talvez os nossos descendentes venham a lucrar com a 1ª edição autografada desse tal livro!
Ass: (irrita-me ter de escrever isto a cada comentário) Vamp

Sérgio said...

Cria um blog...

Anonymous said...

Qualquer dia penso nisso, já me passou pela ideia, por acaso...